Tuesday 6 February 2007

it used to build character mas ... já se perdeu o controlo...

Um (not so) breve desabafo...

Há anos que todos sabemos o que é o bullying, pelo menos quem andou na escola pública (embora deduza que também tenha chegado aos colégios a longo prazo). Sempre houve quem se metesse connosco por esta ou aquela razão. Enquanto uns de nós tivemos a estaleca para lidar com a questão, nem todas as "ofensas" eram tão ligeiras assim, pelo que, em muitos casos, os danos poderão ter ficado para a vida.

Quem lida com eles em contexto de sala de aula ou até mesmo na família é, na maior parte dos casos, quem menos se apercebe do que se passa. A tradicional máxima portuguesa "só acontece aos outros" abarca variadíssimas áreas do quotidiano.

Ao contrário do que pensam os que mais disso falam, não é uma mera tradição que serve para build character. Não! Talvez tenha começado assim mas o bullying actual atingiu proporções desmedidas.

Passámos de uma época em que os bons alunos se viam remetidos ao silêncio [porque o que fica sempre in é mesmo o rufia, cujo insucesso escolar se deve a ele próprio], para uma altura em que a violência psicológica e física até exercida entre os ditos colegas de turma atinge o seu expoente máximo.
Nem todos temos o mesmo sentido de humor; nem todos encaixamos as coisas da mesma forma; nem todos acham que é ao rebaixar e atingir a dignidiade do próximo que se marca a diferença.

Deixo uns links que poderão esclarecer os mais curiosos
http://www.portoeditora.pt/bdigital/default.asp?tipo=8&artigo=ESP_20051102_529&idautor=8&param=08030000

http://www.childline.org.uk/Bullying.asp

e, como vem sendo habitual, lanço (yet another) apelo a todos que se vejam num papel de formadores (pais, professores, auxiliares de educação, tios/as, avôs/ós, - you name it): abram os olhos a alterações de comportamento - dá MUITO trabalho estar alerta a tudo, bem sei. Contudo, é por ninguém se dar ao trabalho de agir que as coisas ficam no estado em que se encontram. "Faz-lhe bem", "Mostra-lhe como é" - chega da conversa saloia de quem se quer afirmar espezinhando tudo e todos. Mais grave, os que recuperam, querem vingança e farão com que outros passem pelo mesmo e assim se arrasta este ciclo vicioso.
Sim, é mesmo de pequenino que se torce o pepino - nas idades em que a personalidade fica definitivamente inclinada (biased é sempre difícil de traduzir) num qualquer sentido, cabe-nos a nós evitar os futuros deprimidos de amanhã.

Lírica? Talvez, mas convenhamos, se não o formos na nossa idade, quando o seremos?
Reitero a ideia de que podemos mudar as coisas - basta agirmos!

O "puto" que foi massacrado, atingido todos os dias pelas sapatilhas, pelo casaco, pelos trocos do almoço, rebaixado em público, humilhado perante os colegas PRECISA de ter um qualquer ponto de refúgio - muitas vezes a vergonha é tal que jamais contará em casa...or at all really! Já não basta quando exageram e se sentem mal por não ter sabido a resposta? Ou pela nota menos boa?
Acreditem ou não (não considero o tom semi-alarmista despropositado de todo), esses anos vão esculpi-lo para o futuro. Indecisão, falta de confiança, para não falar da auto-estima, , são questões (true issues) superáveis, obviamente, mas requerem trabalho... de várias partes quando as há.
Já lá dizia o outro que deu o nome ao Instituto de alemão - "O saber não basta, temos de o aplicar. A vontade não basta, temos de atuar." (G)
Não querem contribuir? =)

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